A Questão do Progresso da Ciência: continuidade ou descontinuidade?

A noção que o homem teve da ciência variou ao longo da História da Humanidade, desde o seu surgimento, na Grécia Clássica (séculos VI a.c. – III a.c.), até aos tempos hodiernos.

Por outro lado, a noção que o homem contemporâneo tem da ciência só se compreende a partir do seu nascimento, concretamente finais do Renascimento e Idade Moderna (séculos XVI – XVII). Estas afirmações justificam-se, porque não nos podemos esquecer de duas ideias fundamentais:

  • Carácter contemplativo da ciência / filosofia greco-medieval;
  • Diferenciação da noção de ciência moderna e contemporânea;

Enquadrando-se no sentido etimológico de Filosofia, a Filosofia é amizade pelo saber, Platão e Aristóteles conceberam e classificaram os saberes particulares, cada qual à sua maneira, mas ambos defenderam que a Filosofia era uma actividade racional teórica e suprema. Aristóteles caracterizou-a como a Rainha das Ciências, superior à Física e Matemática. O objectivo da Ciência/Filosofia era a compreensão do mundo, a sua interpretação e não a sua transformação. Daí a inexistência de aliança entre teoria e técnica.

A partir do Renascimento e, objectivamente, com Francis Bacon (século XVI), começou a conceber-se a ciência como um saber que deve ter não só objectivos teóricos, a explicação objectiva da realidade segundo leis e teorias, como também objectivos práticos imediatos: o domínio da natureza. Conhecer para dominar, é o lema de Bacon. Assim, a ciência, saber considerado objectivo, visou e continua a visar hoje, a previsão fenoménica e, actualmente, o controlo e reprodução artificial dos próprios fenómenos.

Passou-se, portanto, de uma concepção contemplativa para uma concepção operativa da ciência. Esta deixou, a partir de Galileu, de confundir-se com a Filosofia.

É neste contexto que se levantam as questões do estatuto da ciência e do sentido da evolução científica.

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